Tudo que penso tem uma origem inescrupulosa e pueril, isso é tudo que me limito a ser.

sábado, 13 de março de 2010

O eco do avesso de mim mesmo

Nesse momento, eu poderia ser qualquer um, qualquer coisa, porque tudo que sou nesse momento, é nada.
Me sinto zerado, como materia pura, nao formulada, intocada e inerte. Qualquer sentimento seria capaz de me moldar e qualquer sensação capaz de me preencher. Nesse momento, eu sou o vazio.
Imagine uma escuridao cavernosa, nenhum resquicio de luz pode ser captado pelos olhos, uma cegueira profunda. Uma cegueira que transcende o corpo, uma cegueira que se extende raivosa e brutal até o cerne, que chega a alma. Agora, imagine tudo isso aconpanhado por um grito, de dor, de sofrimento. Esse grito, é seu, essa dor, é sentida por você, esse sofrimento... é voce quem escolheu.
Nao é querer dramatizar nem engrandecer a ferida que me assola, é apenas reconhecê-la, ela é ruim, mas a realidade é pior.
Eu pego meu copo de vodka com gelo, vodka pura, pra rasgar armargamente minha garganta e me trazer de volta a merda. Olho ao meu redor, tudo me enoja. Qualquer voz ou sorriso alheio é motivo pra que eu me irrite e queira me rasgar, me desfazer tantas vezes até que eu nao exista mais. Eu só posso dizer uma coisa: eu sou um covarde. Sou alguem que nao consegue se desapegar da vida mas ao mesmo tempo nao tem fibra pra encara-la. Fazer o possivel nao basta, derramar sangue com suor nao é suficiente, é necessario mais, ela quer a sua morte. E é isso que fazemos, vivemos nossas vidas vagas, falsamente felizes enquanto envelhecemos e nos colocamos de frente com as milhares de possiblidade de morte que temos a frente. A morte é certa, o quanto voce vai sofrer até que ela chegue, é a questao.

Olho pro rémedio comprado com suor do trabalho de alguem que nao sou eu, e decido nao tomar. Hoje, definitivamente, eu quero sentir a dor. A imensa dor que emana do meu cerebro, do tumor. Hoje minha vodka terá gosto de dor. O ar terá cheiro de cólera, e a vista, bom, essa será sempre desagradavel, de pessoas falsamente felizes esperando que a unica certeza que elas relutam em ignorar, chegue: a morte.

Um comentário:

  1. Cara, tú escreves muito bem.
    Bons escritos, boas palavras.
    Cá entre blogueiros: http://meucafegelado.blogspot.com/2010/04/premio-dardos.html
    Sucesso!

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