Tudo que penso tem uma origem inescrupulosa e pueril, isso é tudo que me limito a ser.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Despertar

Naquele momento as palavras ecoaram pela minha alma como se um grito repentino, abafado, desesperado surgisse de um 'eu' adormecido, como o apertar de um gatilho que dá início ao trajeto da bala causadora do orifício feito no crânio do ser que partiu, para que outro nascesse. Senti-me estranho, como se a luz viesse de encontro à meus olhos, com tanta intensidade que pude sentir minha alma arder em chamas, se queimar com o calor da vontade de ver o mundo, a realidade como ela deve ser vista, usar pela primeira vez, minha visão.

A cada palavra lida, eu sentia um golpe pesado e cortante daquela nova sensação, de dentro pra fora, crescendo, brigando bravamente pra se libertar, cansada de tanto se esconder de máscaras que não faziam parte de mim. E eu, casando de ser quem não sou, cansado de me tornar uma máquina, um mecanismo forjado pra manter uma sociedade pútrida, que fede, e que me obriga a usar tampões sem que eu veja, pra não sentir seu mal cheiro, e então levantar a voz a tempo calada contra ela.

Durante algum tempo andei distante do mundo, distante do que se passava ao meu redor. Em casa me acusaram de louco, o que não foi novidade, na escola, me perguntaram - Qual o seu problema?- e nada mais fazia que sorrir, afinal, era a única informação idiota da sociedade que me lembrava nesses momentos 'Rir para não chorar'. Minha mente desbravava locais jamais conhecidos por mim mesmo.

O que posso lhes dizer é que depois de tanto pensar e refletir sobre o pensamento que acabara de ter, aceitei o novo eu, e agora, me vejo perdido em meio à um mundo que não compreendo, não mais, à rotinas que não me dizem respeito, não mais, a conceitos sem nexo algum, a uma vida sem sentido nenhum... Me tornei então, um ser alheio aos afazeres que vejo todos preocupados em cumprir, atarefados, brigando entre si e tentando obter bens que nem me lembro pra que servem mais.

Fiquei louco ou descobri aonde estava de fato, minha consciência...? Não creio que um lugar onde eu me sinta tão estranhamente bem, extra ao todo que a humanidade acredita ser, possa ser algo ruim. Confesso que não sei mais o que fazer, onde ir, com quem falar, o que buscar, mas uma coisa é certa, esse sou o 'eu' que quero ser, posso não ser ninguém aos olhos de um homem qualquer se seguir este novo caminho que surgiu, mas serei alguém suficientemente realizado quando a morte pousar sua pesada foice em meu ombro.

Até lá viverei uma vida que não sei qual, experienciarei coisas que não imagino, terei ensinamentos que ainda não sei.
Me lembrarei das palavras que me revelaram tal caminho, serei grato a elas por me trazerem meu pequeno abrir de olhos, meu singular Despertar...

3 comentários:

  1. Caio... eu realmente não tenho palavras pra descrever o que eu senti a medida que ía lendo. E o teu problema simplesmente é enxergar a vida como ela é. Louco você? Não, realista. E mesmo de longe conta sempre comigo, irmãozinho. (L

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  2. Desde o primeiro parágrafo, fiquei em êxtase, e a ânsia de ver o fim do texto que na minha opinião é belíssimo, digo que, fiquei surpresa e instigada a ler mais e mais, aguardo pelo o que há por vir.Um beijo, meu querido Caio.

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  3. se eu dissser que me encontrei no texto ira acreditar... foi justamente assim que me senti.como se fossem minhas palavras, meus sentimentos expressos

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